quarta-feira, 14 de abril de 2010

Gripe A e a justiça


A gente não consegue ver fila que já quer entrar. A clássica "de graça até injeção na testa" se concretizou com a vacinação para a gripe A. Todo mundo arrumando uma doença crônica ("sou asmático", "sou isso, sou aquilo") pra poder ter o "benefício" da (segundo o modelo vigente de saúde) proteção.
Não bastasse todas as polêmicas técnicas envolvidas nessa questão, e a dificuldade que um gestor de saúde tem que equacionar, vem o Ministério Público (Federal) aprontar mais uma: mandar vacinar todo mundo do Paraná. Claro: ano passado foram 280 mortes... E quanto, mesmo, é que morreram nas rodovias do Estado? Quantos morreram por diarréia?

Enquanto o Ministério Público (este, Estadual) estava lutando bravamente pra reduzir o preço do show do Roberto Carlos, mostrava apenas um pouco de sua vocação. Agora se mete em priorização de gastos dos recursos da saúde. Como se os recortes populacionais que se fazem para ações de saúde não fossem fruto de decisão técnica, após ponderações de tudo quanto é ordem, para reduzir o grau de incerteza.

Quero discutir os excessos dessa vacinação mas não posso. Tenho que discutir como um advogado, arvorando-se defensor público, come na mão do modelo biomédico e do senso comum para decidir o que não sabe. Para obrigar o setor Saúde a tomar decisões que, pra ser suave, podemos chamar de imbecis.

O Brazil inteiro se dobra ao Paraná: os estados da Federação terão que abrir mão de grande parte dos seus lotes de vacina repassando pra cá, pra que se cumpra a liminar.

Numa dessas, os outros estados terão menos transtornos...
Sorte deles.

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