tag:blogger.com,1999:blog-33451619810466908012024-03-21T19:18:01.519-07:00Blog do Angel - Medicina de Familia. Antroposofia MédicaEspeculações e diletantismos sobre o momento atual e os sustos e alegrias que ele nos dá.Angel Mar Romanhttp://www.blogger.com/profile/11925515229088596395noreply@blogger.comBlogger11125tag:blogger.com,1999:blog-3345161981046690801.post-20228421400668446262019-12-26T13:20:00.002-08:002019-12-26T13:20:51.690-08:00<div class="im_history_message_wrap" my-message="" ng-repeat="historyMessage in peerHistory.messages" style="background-color: white; box-sizing: border-box; font-family: Tahoma, sans-serif, Arial, Helvetica;">
<div class="im_message_outer_wrap hasselect" ng-click="toggleMessage(historyMessage.mid, $event)" style="box-sizing: border-box; cursor: pointer; user-select: text;">
<div class="im_message_wrap clearfix" ng-switch="::historyMessage._ == 'messageService'" style="box-sizing: border-box; margin: 0px auto; max-width: 560px; padding: 0px 15px; position: relative;">
<div class="im_content_message_wrap im_message_out" ng-class="::[historyMessage.pFlags.out ? 'im_message_out' : 'im_message_in', historyMessage.fwdFromID ? 'im_message_fwd' : '']" ng-switch-default="" style="box-sizing: border-box; margin: 8px 10px 8px 16px;">
<div class="im_message_body" ng-class="::{im_message_body_media: historyMessage._ == 'message' && historyMessage.media ? true : false}" style="box-sizing: border-box; overflow: hidden; user-select: text;">
<div my-message-body="historyMessage" style="box-sizing: border-box;">
<div class="im_message_text" dir="auto" style="box-sizing: border-box; line-height: 19.5px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;">
<b><span style="color: blue;"><br /></span></b></div>
<div class="im_message_text" dir="auto" style="box-sizing: border-box; line-height: 19.5px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;">
<b><span style="color: blue;"><br /></span></b></div>
<div class="im_message_text" dir="auto" style="box-sizing: border-box; line-height: 19.5px; overflow-wrap: break-word; text-align: center; white-space: pre-wrap;">
<img alt="Resultado de imagem para oil paint physician geométric" src="https://images.saatchiart.com/saatchi/772195/art/3535082/2604969-TZJUIAKY-6.jpg" /></div>
<div class="im_message_text" dir="auto" style="box-sizing: border-box; line-height: 19.5px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;">
<b><span style="color: blue;"><br /></span></b></div>
<div class="im_message_text" dir="auto" style="box-sizing: border-box; line-height: 19.5px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;">
<b><span style="color: blue;">A prática do cuidado clínico: a atualidade do que não se pode medir</span></b></div>
<div class="im_message_text" dir="auto" style="box-sizing: border-box; line-height: 19.5px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;">
<b><span style="color: blue;"><br /></span></b></div>
<div class="im_message_text" dir="auto" style="box-sizing: border-box; line-height: 19.5px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;">
<b><span style="color: blue;"><br style="box-sizing: border-box;" /></span></b><span style="font-size: 13px;"><br style="box-sizing: border-box;" /> O dilema sobre o lugar que ocupam dor, angústia, sofrimento e ato do cuidado aparece em cada encontro terapêutico de quem cuida e é cuidado. As grandes epidemias e pestes – ainda que frequentemente anunciadas – não estão mais em destaque no nosso tempo. Temos, em ascensão, sofreres difusos, sem limites e rótulos nítidos, com denominações múltiplas, que encontram abordagens apoiadas em vetores explicativos que hoje já mostram seu esgotamento, sua insuficiência.<br style="box-sizing: border-box;" /><br style="box-sizing: border-box;" />De fato, as práticas clínicas foram disciplinadas para se alinharem à grande Ciência que tudo mede, conta e pesa, independente do que cada coisa possa significar. Exonera de seu foco a vida das relações e a forma como cada um experimenta seus sintomas, afirmando os resultados obtidos nas condições “puras” e ideais dos laboratórios, como parâmetro-guia das práticas do cuidado. Mesmo que estes sintomas e essas práticas aconteçam na vida impura e pecaminosa dos corpos e das almas de todos. Se e quando considerados, os fatores imponderáveis do cotidiano são reduzidos a categorias isoladas, também sem interações. Ao final, o que se utiliza é um modelo com uma lista idealizada de agravos ordenados em tabelas que não são capazes de acondicionar o mundo animado por dores e sofrimentos singulares. Satisfatório para explicações, insuficiente para subsidiar o cuidado. <br style="box-sizing: border-box;" /><br style="box-sizing: border-box;" />Assim, o imperativo da liturgia tecnocientífica reduz cada dor, cada esboço de gemido à dimensão material explicável e verificável por seus instrumentais. E, sem escuta e olhar para a dimensão não codificável do sofrimento, as angústias, as dores-da-alma, os rangeres-de-dentes e apertos-do-coração, permanecem emudecidas e latentes. Porque percebidos e narráveis, mas não subsidiados na razão técnica.<br style="box-sizing: border-box;" /><br style="box-sizing: border-box;" />E, se invisíveis para uma universalização racional objetivista, esses sofreres latentes permanecem disponíveis para manifestarem-se nas inflexões que cada biografia humana apresenta. Se nós, profissionais do cuidado, ficarmos atentos podemos perceber: cada portador de uma queixa clínica nominada insiste em nos convidar para o simbólico embutido. Como se cada nome de doença ou resultado de um exame não conseguisse ficar puro e limpinho (como gostaríamos, nós os diagnosticadores) de seus significados e impactos no mundo da vida. O paciente (patiens: aquele que padece), parece buscar o olhar para seu sofrimento e não o enquadramento classificatório de sua narrativa. (Mesmo que, hoje, percebemos também o paciente buscando explicações racionais e incessantes para seus agravos, chegando talvez à agonia do totalmente pensado, citada por Gilberto Safra.<br style="box-sizing: border-box;" /><br style="box-sizing: border-box;" />Eu, médico, me bato nesses dilemas e observo repetidamente certas angústias não vividas, não significadas, fortemente associadas a sintomas crônicos. Viktor Frankl faz uma aproximação para refletirmos sobre isso: o sentido da existência (ou a falta dele) é premissa importante na capacidade com que lidamos com as vicissitudes. A partir dessas reflexões, como médico de família, fui percebendo os movimentos emocionais dos pacientes em suas biografias e me carregando de perguntas.<br style="box-sizing: border-box;" /><br style="box-sizing: border-box;" />O conceito de experiência como sensação + significado permite-nos aprofundar a busca da compreensão do cuidar terapêutico. Larrosa Bondia é definitivo nesse tema: é possível perceber que esse lugar da experiência pode ser uma ponte para um núcleo pessoal mais profundo e essencial de cada humano. Porque é um lugar misterioso que transcende a racionalidade. Como se fosse uma janela que permite vislumbrar a essência, tanto originária do humano (assim chamada ontológica) quanto a que acolhe os acontecimentos de cada existência singular (chamada ôntica). E, se o homem é uma pergunta ambulante em direção ao sentido fundamental da existência (Safra, Hermenêutica da situação clínica, Pg 22), então as experiências são momentos onde todos tocamos, de algum jeito, a profundidade do ser. O sofrimento é uma dessas pontes importantes para essa essência.<br style="box-sizing: border-box;" /><br style="box-sizing: border-box;" />A dimensão mais profunda do ser manifesta-se, tanto individual quanto socialmente, através da ética, da estética e do sagrado, chamados por Safra como o Ethos humano. Se observarmos que, Ethos, em grego, equivale tanto a hábito quanto habitação, podemos inferir que a ética tem morada no hábito, no cotidiano escolhido pela individualidade humana. Lembrando que Aristóteles afirmava claramente que o hábito é ação escolhida do ser humano, portanto não automático, não instintivo. Ou seja, o Ethos afirma o ser em sua individualidade, através a ação cotidiana ética, estética e sagrada (que podemos chamar de “encantada”). </span></div>
<div class="im_message_text" dir="auto" style="box-sizing: border-box; font-size: 13px; line-height: 19.5px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;">
<br /></div>
<div class="im_message_text" dir="auto" style="box-sizing: border-box; font-size: 13px; line-height: 19.5px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;">
E os profissionais de saúde são convidados o tempo todo a tocarem essa dimensão profunda da essência da pessoa que procura cuidado. Pois na dor, angústia e sofrimento manifesta-se o mais profundo de cada um. E todo contato com essa face tão reveladora, mas tão exposta, exige um cuidado ja conhecido de todas as culturas. Os cuidadores da tradição sempre são preparados em longos rituais para desenvolverem o olhar e o zelo para o momento terapêutico. </div>
<div class="im_message_text" dir="auto" style="box-sizing: border-box; font-size: 13px; line-height: 19.5px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;">
<br /></div>
<div class="im_message_text" dir="auto" style="box-sizing: border-box; font-size: 13px; line-height: 19.5px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;">
A racionalidade que embasa a nossa prática é irrenunciável, claro. Mas sem uma ampliação da percepção, não será possível tocar a essência do ser. <br style="box-sizing: border-box;" /><br style="box-sizing: border-box;" />Talvez os profissionais de saúde desta época tenham que sensibilizar seus órgãos de percepção pra ouvirem e verem as outras dimensões desse ser humano e acompanhá-lo em sua cruzada, em busca das respostas para o sentido da existência.</div>
<div class="im_message_text" dir="auto" style="box-sizing: border-box; font-size: 13px; line-height: 19.5px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;">
<br /></div>
<div class="im_message_text" dir="auto" style="box-sizing: border-box; font-size: 13px; line-height: 19.5px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;">
<br /></div>
<div class="im_message_text" dir="auto" style="box-sizing: border-box; font-size: 13px; line-height: 19.5px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;">
</div>
</div>
</div>
</div>
</div>
</div>
</div>
Angel Mar Romanhttp://www.blogger.com/profile/11925515229088596395noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3345161981046690801.post-23547531167947082352015-07-09T18:28:00.000-07:002015-08-02T15:55:15.765-07:00<b id="docs-internal-guid-9870b18a-f0a0-3854-9f28-414719a24bc7" style="font-weight: normal;"><br /></b>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.5807272477583438; margin-bottom: 5pt; margin-top: 0pt;">
<b id="docs-internal-guid-9870b18a-f0a0-3854-9f28-414719a24bc7" style="font-weight: normal;"><span style="background-color: white; color: #141823; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">09 de Julho de 2015 - </span><span style="background-color: white; color: #141823; font-family: Arial; font-size: 18.666666666666664px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Sem ponto-de-amarração, sem pertencimento. Ou, porque a hiperatividade está inserida no nosso contexto.</span></b></div>
<b id="docs-internal-guid-9870b18a-f0a0-3854-9f28-414719a24bc7" style="font-weight: normal;"><br /><div dir="ltr" style="line-height: 1.5807272477583438; margin-bottom: 5pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: white; color: #141823; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Um pai, mirando seu filho de 6 anos e tres meses, esboçou um "Essa turminha de agora não tem ética, não é". O menino atualmente faz uso de Ritalina: o coordenador da escola pediu que os pais "tratassem" o aluno após ele desferir um soco na professora, uma das últimas pessoas que ainda toleravam as grosserias do inquieto pentelho e mantinham algum tipo de vinculo.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.5807272477583438; margin-bottom: 5pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: white; color: #141823; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Me parece que as gentes precisam se sentir cidadãos. Sentir que pertencem. Identificados com alguns pontos deste mundo de cheiros, cores, sons, afetos, eventos e lembranças. Sensações e informações.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.5807272477583438; margin-bottom: 5pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: white; color: #141823; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Ja conforme vão chegando por esta terra, vão querendo criar os referenciais, amarrando suas cordinhas no mundo pra se identificarem. Devagarinho se estendendo como identidade com as outras gentes e coisas.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.5807272477583438; margin-bottom: 5pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: white; color: #141823; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Com essas instancias primeiras, que vão reconhecendo (desde que elas, as instancias, se afirmem redundante, rítmica e persistentemente) como se tudo fosse teta. Como se tudo fosse mãe. Tudo fosse casa a receber o chegado pra se assemelhar.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.5807272477583438; margin-bottom: 5pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: white; color: #141823; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">E bem devagarinho. Que a gente chega ressabiado e estranhando o que, por ser nunca-visto, de fato é estranho. E deveria ser acolhimento - desde que esse nunca-visto, se afirme redundante, rítmica e persistentemente.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.5807272477583438; margin-bottom: 5pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: white; color: #141823; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Amarramos uns cheiros, luzes e sons aqui e, se repetirem ritmicamente, essas sensações nos fazem parte. Nos identificam e nos suportam. São extensões de nós. São nós. Então nós pertencemos e nos pertencem.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.5807272477583438; margin-bottom: 5pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: white; color: #141823; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Quando - por ficar mudando o tempo todo, ou por não ser morno, terno e macio - não conseguimos amarrar o barco em algum ponto de amarração que possa dar algum traço de identificação, por Dios!, não firmamos esse espaldar da nossa identidade primeira. Vamos ficar girando doidinhos.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.5807272477583438; margin-bottom: 5pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: white; color: #141823; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Ficamos com múltiplas simulações de um cenário em que não conseguimos parar pra nos enxergar como cidadão de lá. Tirar a carteirinha da identificação com aquele cantinho da existência mais grande.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.5807272477583438; margin-bottom: 5pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: white; color: #141823; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Então a gente se inquieta. Se agita sem fim em busca de um sinal de pertença. Um agito desesperado, que gira e não para. Uma atividade hiperativa.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.5807272477583438; margin-bottom: 5pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: white; color: #141823; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Será que por isso a palavra ética (ethos) em grego se assemelha a hábito, costume e, curiosamente, o lugar onde se vive, onde se habita? (O hábito neste contexto é aquele que adestra-nos contra o instinto). Porque a gente habita mesmo é dentro de nossos pertencimentos que nos referenciaram sempre.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.5807272477583438; margin-bottom: 5pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: white; color: #141823; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Acho que o pentelho, cujo pai perguntou-se se o filho não tinha ética, de fato não teve chance de ter sua habitação, seu cantinho de identificação fixa. Constatei junto com os pais, que ele nunca pode estabelecer os referenciais de amarração repetidamente (pra se habituar, se acostumar) para se sentir acolhido em uma morada, em uma habitação. Ele, o veloz pentelho, não encontrou uma ethos.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.5807272477583438; margin-bottom: 5pt; margin-top: 0pt;">
<br /></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.5807272477583438; margin-bottom: 5pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: white; color: #141823; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Então, de fato, ele não era ético.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.5807272477583438; margin-bottom: 5pt; margin-top: 0pt;">
<br /></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.5807272477583438; margin-bottom: 5pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: white; color: #141823; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><b>T</b>alvez, por não se sentir pertencente e se reconhecer no mundo, se agite em desespero e hiperatividade buscando sua ethos. Eu, faria bem pior.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.5807272477583438; margin-bottom: 5pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: white; color: #141823; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Vamos dar Ritalina ou tratar o contexto?</span></div>
<br /><br /></b>Angel Mar Romanhttp://www.blogger.com/profile/11925515229088596395noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3345161981046690801.post-75088483028834563352014-09-23T13:53:00.004-07:002014-09-23T13:54:11.584-07:00Profissão como meio ou fim.<br />
<br />
<br />
Leio uma reportagem no site BBC Brasil <span style="font-size: xx-small;">(http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/09/140920_salasocial_eleicoes2014_saude_abre_medicos_cc)</span> que o tal de Medcurso (cursinho que prepara sextanistas do curso de medicina para as provas de residencias) ensina que os alunos devem caprichar pra passar nas provas de residencia. Senão serão médicos do PSF (que, segundo o texto, significa Posto de Saude da Familia) e irão trabalhar de chevetinho 87, enquanto o cirurgião plástico irá trabalhar de carro importado.<br />
<br />
Eu poderia parar por aqui, já que a assertiva, por si só, tudo revela, tudo explica.<br />
<br />
E não vou cair na tentação de dizer que o médico geral de familia e comunidade ganha bem etc. Não vou discutir isso.<br />
<br />
Pra ser bem curto - queu tenho que aprender, por estas esferas virtuais - achei interessante como a ideologia do "esperto" enfim parou de se disfarçar e está transitando pelas calçadas sem nada a ocultar. Alias, com um certo exibicionismo. <br />
<br />
Porque a gente deve ser médico pra comprar carro importado. E a história do papel social de cuidar do sofrimento, babau.<br />
<br />
Quem fizer Plastica porque tem realização por isso, parabéns. Mas quem fizer desse oficio, ou de qualquer outro, só instrumento de ganho, talvez procure a vida e só encontre a angustia.<br />
<br />
Arrogantemente, decreto: essa é mais uma pedrinha na construção do vazio. Ganha grana e não necessariamente ganha possibilidades. Talvez não tenha significado além do resultado financeiro naquilo que faz. E sem significado, não ha sentido.<br />
<br />
<br />
<br />
Apenas isso. Sentido pra vida.<br />
<br />
Não é, Viktor Frankl?Angel Mar Romanhttp://www.blogger.com/profile/11925515229088596395noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3345161981046690801.post-5622101143444161102012-07-16T08:35:00.000-07:002012-07-16T08:35:57.178-07:00Gripe & mortes: as febres que nos protejam<br />
<div>
<span style="background-color: white; font-family: 'Courier New', courier, monaco, monospace, sans-serif;">Escrevo com pretensão de oportunidade.</span></div>
<div style="font-family: courier, monaco, monospace, sans-serif;">
<br /></div>
<div style="font-family: 'Courier New', courier, monaco, monospace, sans-serif;">
Essa questão de mortes por gripe, de qualquer tipo, de A a Z, é de preocupar e angustiar a todos. Mas talvez possamos enxergar nesse cenário de Gripe A uma espécie de transição nos modelos que conformam atualmente a visão de saúde-doença. </div>
<div style="font-family: 'Courier New', courier, monaco, monospace, sans-serif;">
<br /></div>
<div style="font-family: 'Courier New', courier, monaco, monospace, sans-serif;">
Inicialmente, essa fúria classificatória com algarismos e letras para tais e quais "seres" que, de alguma forma, contribuem com o adoecimento e morte das gentes têm sido pouco para ajudar a aplacar o sofrimento de quem precisa. Isso foi interessante antigamente. Neste momento, insuficiente. Talvez inútil ou, no limite, lesivo.</div>
<div style="font-family: 'Courier New', courier, monaco, monospace, sans-serif;">
<br /></div>
<div style="font-family: 'Courier New', courier, monaco, monospace, sans-serif;">
Os socorristass estão "tratando" os quadros gripais com o padrão de quem está sem Norte: ATB + corticóide (pau pra toda obra, quando não se tem outra <span style="font-style: italic; font-weight: bold;">arma </span>à mão). Uso o termo <span style="font-style: italic; font-weight: bold;">arma</span> porque revela a forma beligerante de ver crescimentos oportunistas como bandidos e nós, médicos e drogas, como mocinhos. Repito: se foi assim necessário em outros momentos de predomínio de doenças infecto-contagiosas, hoje é supérfluo ou lesivo, mesmo tratando-se, neste caso, de "virose".</div>
<div style="font-family: 'Courier New', courier, monaco, monospace, sans-serif;">
<br /></div>
<div style="font-family: 'Courier New', courier, monaco, monospace, sans-serif;">
Se esta minha especulação pretensiosa for adequada, ou seja, que ver virus e bactérias como monstros destrutivos de forma maniqueista não dá mais conta, poderíamos especular mais: </div>
<div>
<ul style="list-style-image: initial; list-style-position: initial; margin: 1em 0px; padding: 0px 0px 0px 40px;">
<li><span style="font-family: 'Courier New', courier, monaco, monospace, sans-serif;">Será que, </span><span style="font-family: 'Courier New', courier, monaco, monospace, sans-serif;">digamos, o uso de antitérmicos </span><span style="font-family: 'Courier New', courier, monaco, monospace, sans-serif;">indiscriminadamente(sem o mínimo estudo de longo prazo sobre consequencias para o sistema imunológico), como se faz hoje em TODOS os serviços, não é um contribuinte para vulnerabilizar mais as pessoas (já que a manutenção de temperaturas elevadas reduziria drasticamente a replicação viral)? ESTOU ME REFERINDO AOS EFEITOS TERAPÊUTICOS DA FEBRE. Pacientes internados em UTI sem uso de antitérmico tiveram menor mortalidade que aqueles que usaram antitérmico... Vejam um trecho de um artigo da
<a href="http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=The%20effect%20of%20antipyretic%20medications%20on%20mortality%20in%20critically%20ill%20patients%20with%20infection%3A%20a%20systematic%20review%20and%20meta-analysis#" rel="nofollow" style="border: 0px; color: #660066; font-family: arial, helvetica, clean, sans-serif; font: inherit; line-height: 15px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: left; vertical-align: baseline;" target="_blank" title="Critical care and resuscitation : journal of the Australasian
Academy of Critical Care Medicine.">Crit Care Resusc.</a><span style="font-family: arial, helvetica, clean, sans-serif; line-height: 15px; text-align: left;"> 2011 Jun;13(2):125-31</span> <span style="background-color: white;">"<span style="font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-style: italic;">...</span></span><span style="background-color: white; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-style: italic;">At febrile temperatures, </span><span style="background-color: white; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-style: italic;">direct inhibition of heat-sensitive microorganisms, such </span></span><span style="background-color: white; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-style: italic;">as influenza virus4 and Streptococcus pneumoniae, can </span><span style="background-color: white; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-style: italic;">occur; as can the induction of protective cellular6 and immune </span><span style="background-color: white; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-style: italic;">responses. Increased antibiotic activity at elevated temperatures </span><span style="background-color: white; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-style: italic;">has also been demonstrated in vitro. </span><span style="background-color: white; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-style: italic;">In animal studies, suppression of fever with antipyretic </span><span style="background-color: white; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-style: italic;">drug therapy has been shown to <span style="background-color: yellow;">increase mortality among </span></span><span style="background-color: white; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-style: italic;"><span style="background-color: yellow;">subjects with viral, bacterial and parasitic infections</span>.</span><div style="font-family: 'Courier New', courier, monaco, monospace, sans-serif;">
<span style="font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-style: italic;"><br /></span></div>
<div style="font-family: 'Courier New', courier, monaco, monospace, sans-serif;">
<span style="font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-style: italic;">Observational studies of humans have shown a positive<span style="background-color: yellow;"> </span></span><span style="background-color: yellow; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-style: italic;">correlation between febrile temperature during bacteraemia </span><span style="font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-style: italic;"><span style="background-color: yellow;">and survival</span> and hypothermia as a manifestation of</span></div>
<div style="font-family: 'Courier New', courier, monaco, monospace, sans-serif;">
<span style="font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-style: italic;">sepsis is a negative predictor of outcome. In other human </span><span style="font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-style: italic;">studies, antipyretic drugs have been shown to increase the </span><span style="font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-style: italic;">duration of chickenpox illness...</span>"</div>
</li>
</ul>
<div style="font-family: 'Courier New', courier, monaco, monospace, sans-serif;">
<br /></div>
<ul style="list-style-image: initial; list-style-position: initial; margin: 1em 0px; padding: 0px 0px 0px 40px;">
<li><span style="font-family: 'Courier New', courier, monaco, monospace, sans-serif;">E por que antibióticos? Se for a lesão pulmonar dramática causada pelo H1N1 (mesmo que rara é horrivel)que mata, então o paciente não morre pela bactéria e sim pelo virus, portanto antibiótico é inútil. E, em saúde, não ha inocuidade: se não é útil é danoso. Os abusos de antibioticoterapia só servem para reduzir ainda mais a tensão-imunológica (para cada germe, um cenário correspondente de resposta) necessária para nosso equilíbrio.</span></li>
</ul>
<div style="font-family: 'Courier New', courier, monaco, monospace, sans-serif;">
Assim, chegamos a um ponto em que a discussão teria que se dar na mesa dos pesquisadores dos níveis de atenção secundário e terciário (especialistas e hospitais universitários). Mas, escrevo isto tudo pra dizer que nós da Medicina de Família e Comunidade podemos, sim, contribuir com as buscas de recursos para dar conta deste, digamos, tsunami. E essa contribuição se dá convidando os colegas dos outros níveis de atenção para sairem de seus microscópios e tubos de ensaio e virem observar e cuidar dos pacientes de forma <span style="font-weight: bold;">desarmada</span>, interrogando esses pacientes sobre seus reais sofrimentos, acolhendo-os, investindo nas defesas do próprio organismo e utilizando os recursos que, de alguma forma, não estejam tão profundamente implicados na ordem do mercado.</div>
<div style="font-family: 'Courier New', courier, monaco, monospace, sans-serif;">
<br /></div>
<div style="font-family: 'Courier New', courier, monaco, monospace, sans-serif;">
Não vou discutir exatamente tratamento da gripe A, porque, justamente discordo dessas classificações iluministas que ocultam o ser e ignoram o contexto eco-social. Porque a discussão, me parece, deve se dar sobre o mérito das abordagens, escapando dessa visão unifocal que tudo objetifica, não sendo capaz de discutir-se a si mesmo.</div>
<div style="font-family: 'Courier New', courier, monaco, monospace, sans-serif;">
<br /></div>
<div style="font-family: 'Courier New', courier, monaco, monospace, sans-serif;">
Vamos ousar descobrir furos nesse descaminho biomecânico que deu o que tinha que dar?</div>
<div style="font-family: 'Courier New', courier, monaco, monospace, sans-serif;">
<br /></div>
<div style="font-family: 'Courier New', courier, monaco, monospace, sans-serif;">
Ou vamos nos proteger com Oseltamivir, vacinas e mais artefatos que se vendem no varejo, mas que não nos ajuda a enxergar o singular de cada um, as respostas inexoráveis da Natureza?</div>
</div>
<div style="font-family: courier, monaco, monospace, sans-serif; font-size: 13px;">
<br /></div>Angel Mar Romanhttp://www.blogger.com/profile/11925515229088596395noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3345161981046690801.post-67915980405691392882010-04-26T18:01:00.000-07:002010-04-28T13:42:17.934-07:00<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLqqAZFBkcgdf5trFzgQG5wxN3JwjL2vD876mgPPWCt2PQYkHi_D8snTAGIFhhsfjO0uCxO72Y9dOk6Fk0y70Q9c8V-AEidAL0Y52JSipCjQ-6MR8yQjppLv913jJlS628Udro-yOYcVM/s1600/4_0gato20vacina20copy1.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 292px; DISPLAY: block; HEIGHT: 320px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5465291424522387522" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLqqAZFBkcgdf5trFzgQG5wxN3JwjL2vD876mgPPWCt2PQYkHi_D8snTAGIFhhsfjO0uCxO72Y9dOk6Fk0y70Q9c8V-AEidAL0Y52JSipCjQ-6MR8yQjppLv913jJlS628Udro-yOYcVM/s320/4_0gato20vacina20copy1.jpg" /></a><br /><div><span style="BORDER-COLLAPSE: collapse;font-family:arial, sans-serif;font-size:13;" class="Apple-style-span" ><br /><p style="TEXT-ALIGN: justify; LINE-HEIGHT: 19px; MARGIN: 0px 0px 0pt" class="MsoNormal"><span style="LINE-HEIGHT: 19px"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Ainda a Gripe A/H1N1</span></span></span></b></span></p><br /><p style="TEXT-ALIGN: justify; LINE-HEIGHT: 19px; MARGIN: 0px 0px 0pt" class="MsoNormal"><span style="LINE-HEIGHT: 19px"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><br /></span></span></span></b></span></p><br /><p style="TEXT-ALIGN: justify; LINE-HEIGHT: 19px; MARGIN: 0px 0px 0pt" class="MsoNormal"><span style="LINE-HEIGHT: 24px"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Liga-me Maria Francisca perguntando se deve ou não vacinar Luana, sua filha de 5 anos, contra a Influenza A/H1N1, além dela própria. Cá comigo pondero todas as variáveis envolvidas e tento equacionar de uma forma singular e pessoal, o caso de cada uma. A pequena Luana foi amamentada durante doze meses, é saudável até o momento (jamais necessitou usar antibióticos). Sua mãe, Francisca, é fumante, vive com uma tosse que não passa e, mês passado, por um cálculo renal acabou desenvolvendo infecção urinária que, para encurtar a história, redundou em três dias de passagem pela UTI. Portanto, saúde frágil. Provocante, pergunto por que ela própria deveria ser vacinada. Ela prontamente me responde que deve prevenir-se já que não quer passar por outra estada no hospital...</span></span></span></b></span></p><br /><p style="LINE-HEIGHT: 19px; MARGIN: 0px 0px 0pt" class="MsoNormal"><span style="LINE-HEIGHT: 24px"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">A partir dessa imagem do cotidiano de um médico de família e comunidade - que cuida de sujeitos sociais (não apenas de doenças “objetivas”) - me surgiram outras reflexões, para além deste anedótico caso: se Maria Francisca quer prevenir-se para não ter outra doença grave, por que não para de fumar, já que a principal ação preventiva para ela, sem quaisquer riscos de efeitos indesejáveis, seria parar de fumar e não, miticamente, buscar apenas a “vacina mágica” que vai salvar a lavoura?</span></span></span></b></span></p><br /><p style="TEXT-ALIGN: justify; LINE-HEIGHT: 19px; TEXT-INDENT: 35.4pt; MARGIN: 0px 0px 0pt" class="MsoNormal"><span style="LINE-HEIGHT: 24px"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Imaginei as ponderações, angústias e indecisões pelas quais passa um gestor, não de sujeitos individuais como eu, mas da saúde de uma população, o chamado “especialista em Saúde Coletiva”. Juntei as minhas reflexões e compartilho com vocês neste artigo os dilemas que, imagino, passam pelas mesas e cabeças desses gestores, tomando como um </span></span></span></b><i><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">case</span></span></span></b></i><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"> a questão da vacina preventiva da Influenza A/H1N1, a gripe suína.</span></span></span></b></span></p><br /><p style="TEXT-ALIGN: justify; LINE-HEIGHT: 19px; TEXT-INDENT: 35.4pt; MARGIN: 0px 0px 0pt" class="MsoNormal"><span style="LINE-HEIGHT: 24px"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"></span></span></span></b></span></p><br /><p style="LINE-HEIGHT: 19px; TEXT-INDENT: 35.4pt; MARGIN: 0px 0px 0pt" class="MsoNormal"><span style="LINE-HEIGHT: 24px"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Um gestor de saúde deveria aconselhar a vacinacão para o grupo populacional pelo qual é responsável? Ou, quando for o caso, deveria comprar um lote de vacinas, transferindo recursos que seriam destinados para outros fins, como exame preventivo para câncer de colo de útero (Papanicolaou para todas as mulheres sexualmente ativas), câncer de mama (mamografia para mulheres maiores de 50 anos) ou câncer de intestino (sangue oculto nas fezes para pessoas maiores de 50 anos)?</span></span></span></b></span></p><br /><p style="LINE-HEIGHT: 19px; MARGIN: 0px 0px 0pt" class="MsoNormal"><span style="LINE-HEIGHT: 24px"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"></span></span></span></b></span></p><br /><p style="TEXT-ALIGN: justify; LINE-HEIGHT: 19px; TEXT-INDENT: 35.4pt; MARGIN: 0px 0px 0pt" class="MsoNormal"><span style="LINE-HEIGHT: 24px"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Esse gestor terá que equacionar as variáveis que chegam até sua mesa, para reduzir as incertezas e tornar a plataforma para suas decisões a mais sólida possível. Mas, como fazer numa situação como essa, em que um alto grau de incertezas atinge todas as variáveis? Se utilizarmos um modelo explicativo oriundo das ciências exatas, poderemos reduzir a equação a uma mera somatória de vetores da qual extraímos uma resultante. É fácil perceber que esse modelo é insuficiente neste caso: os seres vivos não seguem seu devir por trilhos rígidos, lógicos e plenamente previsíveis. No planejamento da tomada de decisões desse gestor, as informações terão que proceder, sim, dos laboratórios de virulogia, dos boletins epidemiológicos mas, também, dos relatórios possíveis em que constem os desejos e interesses sempre envolvidos no tema. Vejamos como se pode seguir, nesse caminhar à procura de subsídios, para uma tomada de decisões. </span></span></span></b></span></p><br /><p style="TEXT-ALIGN: justify; LINE-HEIGHT: 19px; MARGIN: 0px 0px 0pt" class="MsoNormal"><span style="LINE-HEIGHT: 24px"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"></span></span></span></b></span></p><br /><p style="TEXT-ALIGN: justify; LINE-HEIGHT: 19px; MARGIN: 0px 0px 0pt" class="MsoNormal"><span style="LINE-HEIGHT: 24px"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">INTER</span></span></span></b></span></p><br /><p style="TEXT-ALIGN: justify; LINE-HEIGHT: 19px; TEXT-INDENT: 23.6pt; MARGIN: 0px 0px 0pt" class="MsoNormal"><span style="LINE-HEIGHT: 24px"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">A primeira parada dessa procura situa-se nas mais imediatas variáveis: impacto desse surto viral (mortalidade, por exemplo) e a efetividade/segurança da vacinação. E aí, quando nos detemos na busca desses indicadores interdependentes, já encontramos as primeiras dificuldades: </span></span></span></b></span></p><br /><p style="TEXT-ALIGN: justify; LINE-HEIGHT: 19px; MARGIN: 0px 0px 0pt" class="MsoNormal"><span style="LINE-HEIGHT: 24px"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"></span></span></span></b></span></p><br /><ul style="MARGIN-TOP: 0cm" type="disc"><br /><li style="TEXT-ALIGN: justify; LINE-HEIGHT: 19px; MARGIN: 0px 0px 0pt 15px" class="MsoNormal"><span style="LINE-HEIGHT: 24px"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Ao compararmos a mortalidade da gripe A/H1N1 com a da gripe sazonal (comum), verificamos que esta é estimada pelo excesso de mortalidade com relação à media dos outros períodos do ano. Já a mortalidade da pandêmica é calculada com base no número de casos identificados. Só recentemente (março de 2010) foi publicada uma estimativa inicial mostrando que a gripe A/H1N1 parece ter importância na mortalidade pela distribuição etária (em torno de 35 anos) e não pelo número absoluto de pessoas. Isso resulta em mais anos de vida perdidos que a gripe sazonal, que prefere idosos.</span></span></span></b></span></li></ul><br /><p style="TEXT-ALIGN: justify; LINE-HEIGHT: 19px; MARGIN: 0cm 0cm 0pt 35.7pt" class="MsoNormal"><span style="LINE-HEIGHT: 19px" lang="EN-US"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">·</span></span></span></b><span style="FONT: 7pt 'Times New Roman'"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"> </span></span></span></b></span></span><span style="LINE-HEIGHT: 24px"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"></span></span></span></b><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Ao avaliarmos a efetividade da vacina, novas frustrações: ainda não deu tempo de checar, pois</span></span></span></b><i><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">efetividade</span></span></span></b></i><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"> em saúde, como se sabe, é a ação no </span></span></span></b><u><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">mundo real</span></span></span></b></u><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">. Ou seja: um grupo de pessoas vacinadas deveria ter menor mortalidade. Mas as informações são escassas pelo curto período decorrido. Assim só se observou a </span></span></span></b><i><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">eficácia</span></span></span></b></i><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">, que é a ação no </span></span></span></b><u><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">mundo ideal</span></span></span></b></u><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">: vacina-se e observa-se se o organismo produziu anticorpos. E isso não é suficiente. Os indícios não são, digamos, animadores: </span></span></span></b></span><span style="LINE-HEIGHT: 24px"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">a Polônia decidiu não vacinar ninguém por entender justamente que </span></span></span></b></span><span style="LINE-HEIGHT: 24px"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">não</span></span></span></b></span><span style="LINE-HEIGHT: 24px"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"> estava bem estabelecida efetividade e segurança dessa medida. Resultado: mesma mortalidade relativa que os outros países europeus </span></span></span></b></span><span style="LINE-HEIGHT: 24px"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">que decidiram por vacinar a população. (cerca de 150 mortes para 38 milhões de habitantes). </span></span></span></b></span><span style="LINE-HEIGHT: 24px" lang="EN-US"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">(</span></span></span></b></span><span style="LINE-HEIGHT: 19px" lang="EN-US"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Washington Post, January 13, 2010;</span></span></span></b><i><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"> VANESSA GERA. </span></span></span></b></i><i><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Poland stands alone in refusing swine flu vaccines</span></span></span></b></i></span><span style="LINE-HEIGHT: 24px" lang="EN-US"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">)</span></span></span></b></span><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span style="LINE-HEIGHT: 19px" lang="EN-US"></span></span></span></span></b></p><br /><p style="LINE-HEIGHT: normal; MARGIN: 0px 0px 0pt" class="MsoNormal"><span lang="EN-US"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"></span></span></span></b></span></p><br /><p style="LINE-HEIGHT: 19px; TEXT-INDENT: 22.5pt; MARGIN: 0px 0px 0pt" class="MsoNormal"><span style="LINE-HEIGHT: 24px"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Nosso gestor de saúde coletiva terá que buscar </span></span></span></b><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"></span></span></span></b><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">mais fatos e dados para dar sustentação às suas decisões, pois esses indicadores ainda estão pouco sólidos. Mas aí é que as coisas ficam mais incertas.</span></span></span></b></span></p><br /><p style="LINE-HEIGHT: 19px; TEXT-INDENT: 22.5pt; MARGIN: 0px 0px 0pt" class="MsoNormal"><span style="LINE-HEIGHT: 24px"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">A gripe A/H1N1 é a primeira influenza pandêmica em 40 anos. Foi identificada em Abril de 2009, no México e declarada um evento importante pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em Junho de 2009. Rapidamente foi elevada para o estatuto de </span></span></span></b><i><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">pandemia nível 6</span></span></span></b></i><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">. Em 2004 a OMS havia modificado os critérios para declarar o que poderia ser pandemia. Essa definição independe da severidade ou da virulência da doença, mas considera a disseminação geográfica. Ou seja: mate ou não mate, se estiver espalhada por vários países, em alguns continentes, de forma sustentada, é pandemia e pronto. E aí o nosso gestor de saúde coletiva para e lista suas questões. Será que a severidade de alguma doença interessa para os países do Primeiro Mundo (que, em última instância, são os que suportam e têm poder na OMS) se ela for limitada a uma pequena área, sem risco de disseminar-se? Diarréia, tuberculose, malária não são pandemias, não entram nas páginas dos jornais: estão restritas e guardadas nos países com baixas condições de saneamento básico e lá permanecem, sem risco de migrar para o primeiro mundo. Não importa se os germes que "causam" sejam vírus ou bactéria: o que determina doença e morte são condições sociais e o modelo explicativo estritamente biológico é insuficiente. Mas, ao contrário, perante qualquer possibilidade de uma doença que possa vir de avião para os países ditos centrais, temos que erguer uma bandeira de alerta e aí, sim, interessa a todos, apesar dos determinantes sociais. E, mesmo aqui, o modelo biologicista não é suficiente para subsidiar nosso gestor de saúde na tomada de decisão, pois chega até sua mesa a notícia sobre a decisão da assembléia da União Europeia de processar diretores da OMS, por suspeita de interferência da indústria farmacêutica em suas decisões (</span></span></span></b></span><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"> </span></span></span></b><span style="LINE-HEIGHT: 19px"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">BMJ 2010;340:c198: </span></span></span></b></span><i><span style="LINE-HEIGHT: 19px"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Politician accuses drug companies of overplaying dangers of H1N1</span></span></span></b></span></i><span style="LINE-HEIGHT: 19px"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"> by Rory Watson</span></span></span></b></span><span style="LINE-HEIGHT: 24px"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">)</span></span></span></b></span><span style="LINE-HEIGHT: 24px"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">.</span></span></span></b></span><span style="LINE-HEIGHT: 24px"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"> </span></span></span></b></span><span style="LINE-HEIGHT: 24px" lang="EN-US"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Nada que não seja </span></span></span></b></span><span style="LINE-HEIGHT: 24px"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">óbvio</span></span></span></b></span><span style="LINE-HEIGHT: 24px" lang="EN-US"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">. </span></span></span></b></span><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span style="LINE-HEIGHT: 24px" lang="EN-US"></span></span></span></span></b></p><br /><p style="LINE-HEIGHT: 19px; MARGIN: 0px 0px 0pt" class="MsoNormal"><span style="LINE-HEIGHT: 24px" lang="EN-US"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"></span></span></span></b></span></p><br /><p style="TEXT-ALIGN: justify; LINE-HEIGHT: 19px; TEXT-INDENT: 23.6pt; MARGIN: 0px 0px 0pt" class="MsoNormal"><span style="LINE-HEIGHT: 24px"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Por isso, a notícia (</span></span></span></b></span><span style="LINE-HEIGHT: 19px"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">BMJ </span></span></span></b></span><span style="LINE-HEIGHT: 19px"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">2010;340:c201: </span></span></span></b></span><i><span style="LINE-HEIGHT: 19px"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">WHO vaccine expert had conflict of interest, Danish newspaper claims </span></span></span></b></span></i><span style="LINE-HEIGHT: 19px"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">by </span></span></span></b></span><span style="LINE-HEIGHT: 19px"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Jo Carlowe</span></span></span></b></span><span style="LINE-HEIGHT: 24px"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">) de que o consultor para vacinas da OMS, Juhani Eskola, recebeu uma doação (bagatela de nove milhoes de dólares - bobagem, cá entre nós) da GlaxoSmithKline para seu centro de pesquisa (</span></span></span></b></span><i><span style="LINE-HEIGHT: 19px"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Finnish National Institute <wbr>for Health and Welfare</span></span></span></b></span></i><span style="LINE-HEIGHT: 24px"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">) balança o nosso juízo. Esse é justamente o principal laboratório fabricante das vacinas para a gripe A/H1N1.</span></span></span></b></span></p><br /><p style="TEXT-ALIGN: justify; LINE-HEIGHT: 19px; TEXT-INDENT: 23.6pt; MARGIN: 0px 0px 0pt" class="MsoNormal"><span style="LINE-HEIGHT: 24px"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">O gestor de saúde coletiva, ao ler essa notícia, tem que dar uma paradinha, rever as informações que, até agora, não aumentaram o seu grau de certeza. Infelizmente as planilhas com resultados "duros" de dados epidemiológicos não são suficientes, mesmo que muito mais exatas, muito mais seguras. O mundo, porém já não aceita mais reduzir a vida a números, o que era um sonho da ciência moderna. Pra espairecer, nosso gestor vai ler seus e-mails.</span></span></span></b></span></p><br /><p style="TEXT-ALIGN: justify; LINE-HEIGHT: 19px; TEXT-INDENT: 23.6pt; MARGIN: 0px 0px 0pt" class="MsoNormal"><span style="LINE-HEIGHT: 24px"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Recebe um alerta de sua prima dileta: os perigos da vacina da gripe A/H1N1: “aleja, paralisa, mata...”. O segundo mail (também da prima cuidadosa) explica fanática e vigorosamente que esse virus A foi fabricado e espalhado pelos laboratórios. Ou seja: não bastavam os desencontros das informações que estavam em sua mesa e vem, agora, as teorias conspiratórias. Tem também um link para um vídeo no Youtube que, longe de distrair, prova por a-mais-b que tudo isso é o castigo divino ao homem atual que pecou e agora está a pagar por tudo: é o final dos tempos, enfim...</span></span></span></b></span></p><br /><p style="TEXT-ALIGN: justify; LINE-HEIGHT: 19px; MARGIN: 0px 0px 0pt" class="MsoNormal"><span style="LINE-HEIGHT: 24px"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Nem a arrogância da ciência, tampouco a ingenuidade das crenças conspiratórias deram conta de instrumentalizar os tomadores de decisão. E o gestor de saúde coletiva, ainda inseguro para definir solução, se surpreende ao ler uma notícia de que o Ministério Público Federal do Estado do Paraná solicitou uma liminar e um juiz deferiu para que se vacinem cem por cento da população do estado. Enfim, tudo estará resolvido através de alguns papéis que circularam pelos corredores da burocracia judiciária. Assim as incertezas de uma matéria tão complexa são “resolvidas”. Não por epidemiologistas, infectologistas ou outros da área. Mas por um profissional do direito que abre o peito e resolve tudo numa cartada grave e determinadora. E o nosso gestor, suspira meio frustrado e meio aliviado. As reflexões nem sequer foram consideradas</span></span></span></b></span><span style="LINE-HEIGHT: 27px"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"> pelo defensor que, certamente movido por rompantes heróicos, resolveu dar um murro na mesa e mandar cumprir algo, para cuja substância não tem aproximação necessária. Porque não é gestor de saúde </span></span></span></b></span><span style="LINE-HEIGHT: 27px; background-origin: initial; background-clip: initial; background-: yellow"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">coletiva</span></span></span></b></span><span style="LINE-HEIGHT: 27px"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">. E, em gestão, quem tem que dar palpite é quem está imerso no tema, maneja variáveis e, após ponderações, decide.</span></span></span></b></span><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span style="LINE-HEIGHT: 24px"></span></span></span></span></b></p><br /><p style="TEXT-ALIGN: justify; LINE-HEIGHT: 19px; TEXT-INDENT: 23.6pt; MARGIN: 0px 0px 0pt" class="MsoNormal"><span style="LINE-HEIGHT: 24px"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">O que posso perceber é que em meu refúgio de médico de pessoas singulares as coisas parecem mais simples. Posso me pautar por suas histórias clínicas e tomar decisões artesanais para cada um, sem ter que escolher decisões lineares que sirvam pra todos. Para Maria Francisca, talvez a vacinação reduza a probabilidade de nova estadia no hospital. E quando sua filha Luana, que acompanhei desde o nascimento, estiver gripada, vou cuidá-la como um joalheiro cuida de jóias, como um médico de família e comunidade cuida de cada pessoa. E, assim, desta vez pode escolher ficar sem a vacina.</span></span></span></b></span></p></span></div>Angel Mar Romanhttp://www.blogger.com/profile/11925515229088596395noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3345161981046690801.post-44558369664684653902010-04-14T15:31:00.000-07:002010-04-14T15:50:29.380-07:00Gripe A e a justiça<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7K-VQUukpGPJewd8-Nl5ekdq7LGu8UoqffJCyjIyg394D0jBd7orDVfNq2curmqLxJ3yyL7C4afw_2A76ZSU1JTJDnky4tgA-3M3yAUkyS1jWL9IUB0WTjQnqiATrpUVLbuZWCrYM_JE/s1600/revolta_vacina.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 278px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7K-VQUukpGPJewd8-Nl5ekdq7LGu8UoqffJCyjIyg394D0jBd7orDVfNq2curmqLxJ3yyL7C4afw_2A76ZSU1JTJDnky4tgA-3M3yAUkyS1jWL9IUB0WTjQnqiATrpUVLbuZWCrYM_JE/s320/revolta_vacina.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5460129268755622098" /></a><br />A gente não consegue ver fila que já quer entrar. A clássica "de graça até injeção na testa" se concretizou com a vacinação para a gripe A. Todo mundo arrumando uma doença crônica ("sou asmático", "sou isso, sou aquilo") pra poder ter o "benefício" da (segundo o modelo vigente de saúde) proteção.<div>Não bastasse todas as polêmicas técnicas envolvidas nessa questão, e a dificuldade que um gestor de saúde tem que equacionar, vem o Ministério Público (Federal) aprontar mais uma: mandar vacinar todo mundo do Paraná. Claro: ano passado foram 280 mortes... E quanto, mesmo, é que morreram nas rodovias do Estado? Quantos morreram por diarréia?</div><div><br /></div><div>Enquanto o Ministério Público (este, Estadual) estava lutando bravamente pra reduzir o preço do show do Roberto Carlos, mostrava apenas um pouco de sua vocação. Agora se mete em priorização de gastos dos recursos da saúde. Como se os recortes populacionais que se fazem para ações de saúde não fossem fruto de decisão técnica, após ponderações de tudo quanto é ordem, para reduzir o grau de incerteza.</div><div><br /></div><div>Quero discutir os excessos dessa vacinação mas não posso. Tenho que discutir como um advogado, arvorando-se defensor público, come na mão do modelo biomédico e do senso comum para decidir o que não sabe. Para obrigar o setor Saúde a tomar decisões que, pra ser suave, podemos chamar de imbecis.</div><div><br /></div><div>O Brazil inteiro se dobra ao Paraná: os estados da Federação terão que abrir mão de grande parte dos seus lotes de vacina repassando pra cá, pra que se cumpra a liminar.</div><div><br /></div><div>Numa dessas, os outros estados terão menos transtornos...</div><div>Sorte deles.</div>Angel Mar Romanhttp://www.blogger.com/profile/11925515229088596395noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3345161981046690801.post-82374783841622162122010-04-04T18:36:00.000-07:002010-04-04T18:54:05.901-07:00Mamografia: ajuda ou atrapalha?<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhDv59vbpLKQIUOEkqPch6opojoKbAavBozAvGxFoNuDLbdHIEilkl2yrJECvRYdUh_EWF6jVkSasMrJiwF3075JSFYO03a_pFjPIJQCIEUJESZmz6TOMVc2JlD71jmNAVWvXRwkbpQmwk/s1600/imagem.bmp"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 286px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhDv59vbpLKQIUOEkqPch6opojoKbAavBozAvGxFoNuDLbdHIEilkl2yrJECvRYdUh_EWF6jVkSasMrJiwF3075JSFYO03a_pFjPIJQCIEUJESZmz6TOMVc2JlD71jmNAVWvXRwkbpQmwk/s320/imagem.bmp" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5456465700954634994" border="0" /></a><br />Cada dia tem uma...<br /><br />O British Journal of Medicine (<span style="font-style: italic;">BMJ</span>, para os íntimos) publica nesta semana uma ponderação interessante: pra cada duas mulheres salvas do cancer de mama (detectado pela mamografia), uma será sobrediagnosticada. Isso significa que esta será tratada desnecessariamente. Mas com esses dados o autor conclui, obviamente: os benefícios superam os danos.<br /><br />Mas essa ponderação é interessante porque em Jan/2009 um artigo de revisão mostrou que o diagnóstico de Ca de mama aumentou dramaticamente à medida que os países foram adotando política de rastreio pela mamografia. Com isso, tumores que permaneceriam em "repouso" até o final da vida foram flagrados e tratados desnecessariamente.<br /><br />Mas o autor do artigo recente pondera que, enquanto temos que realizar 1000 mamografias para detectar cerca de 8 tumores e, com isso, reduzir 30% das mortes pela doença, dentre essas 1000 mamografias serão sobrediagnosticados 3 tumores.<br /><br />Que coisa...<br />Tudo é cheio de relação custo-benefício.<br /><br /><img src="file:///C:/DOCUME%7E1/Angelmar/CONFIG%7E1/Temp/moz-screenshot.png" alt="" />Angel Mar Romanhttp://www.blogger.com/profile/11925515229088596395noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3345161981046690801.post-3670522054798729342010-04-02T13:55:00.000-07:002010-04-02T13:59:53.378-07:00Sobre a Gripe H1N1 (já que não pode chamar de Suína)Algumas reflexões sobre a maledeta que agora volta.<br />Escrevi isto em agosto de 2009. Vou, depois, partir deste texto para ir atualizando, na medida que as informações (ou desinformações?) forem reduzindo o grau de incertezas, que, alias são tantas about...<br /><br /><br />Essa gripe tem algumas novidades de fato. Mas o que está constatado ATÉ O MOMENTO, é que tem a mesma (ou menos) letalidade que a Influenza sazonal (gripe comum do inverno).<br /><br />A novidade é a caracterização dos grupos de risco para doença grave. Nas outras influenzas eram os bebês e os idosos, pobres geralmente. Curiosamente, a Influenza A está causando doença grave em alguns jovens (qual especificidade desses jovens?). Por enquanto, o grupo que pareceu certamente mais susceptível, são as gestantes. Os idosos parecem que estão protegidos. As crianças fazem um febrão alto mas depois resolvem bem.<br /><br />O que dá pra refletir?<br /><br />O site da organização mundial da saúde (www.who.int) expõe o desafio do momento: qual o grupo de risco para doença grave? Mas a pregação de hecatombe não tem, até o momento, suporte nas evidências. O número de morte de pessoas contaminadas é igual (ou menor) que a gripe comum. As medidas para evitar o contágio podem reduzir, mas parece que é uma virose MAIS CONTAGIOSA que a influenza sazonal. Ou seja, é muito provável que ela já esteja disseminada.<br /><br />Como medidas preventivas, o de sempre: atividade física ao ar livre, bem protegida do frio. Ingerir verdura de folha, rabanete (sem arrotar em público, depois), manter as extremidades quentes. Evitar alimentos muito concentrados em lacticínios, farináceos e açúcar. Ambientes fechados, só com aqueles que a gente tem afinidades.<br /><br />Como OPINIÃO (especulação, sem amparo científico, portanto), reflito que este surto tem variáveis influenciadas por vetores de toda a ordem. Tentando delimitar alguns desses vetores, trago algumas idéias.<br /><br />Primeiro, obviamente inevitável, é o vetor econômico: a Roche, produtora do Tamiflu teve suas ações dramaticamente valorizadas. Vale a pena comentar que o governo brasileiro havia comprado o direito de patente em 2006, num momento em que não valia muito - golpe da sorte - e está produzindo mais de um milhão de unidades/semana. <br /><br />Segundo: vamos medicar todo mundo? Problemas: se usarmos indiscriminadamente o Tamiflu (que só funciona se for administrado nas primeiras 48 hs) o virus facilmente fará uma mutação induzindo resistência. Daí, ba-bau: ano que vem o tsunami é inevitável. A OMS está indicando prudência e ponderação com o Tamiflu. Se errar na mão, ficamos na mão e construímos um GRANDE problema para os próximos dois anos.<br /><br />Terceiro: os fanáticos religiosos, todos sabemos, estão esperando o Apocalipse ha muito. Citam capítulo e versículo que descreve a pandemia, com detalhes. É o castigo dos deuses por uma inédita má conduta moral. Pelo jeito, antes, a humanidade era extremamente justa, santa e moral, com toda sua escravidão, monarquia e o escambau.<br /><br />Quarto : é o desejo de alguns de nós, participar como protagonistas de algum evento inesquecível, como o final dos tempos prometidos, não pela Bíblia, mas por Hollywood. Seja com ETs invadindo a Terra, seja por congelamento do Mundo, ou por uma bomba atômica que algum terrorista decide explodir. Só que, no final desses inúmeros filmes, os maravilhosos americanos, com seus heróicos, justos e equilibrados presidentes, sempre salvam a Terra ou inté o Universo (quando o produtor descuidadamente bebe muito e exagera na mão). Desta vez, me pergunto, quem nos salvará, se o Império do Norte é o país que tem o maior número de infectados no mundo, um sistema de saúde pública desorganizado e nenhuma tecnologia a respeito, para nos vender.<br /><br />Quinto (mas não o último, já que cada um de nós percebe mais um vetor): A Influenza sazonal mata, como já disse, e vai continuar matando os mais frágeis: bebês, idosos, geralmente pobres. Estes últimos morrem às pencas (uma criança a cada 10 minutos, no Brasil, ainda morre por falta de condições minimamente humanas). Nós nunca nos demos conta disso. Por exemplo, morrem cerca de 15 motoboys por dia (não motoqueiros: motoboy, mesmo: trabalhador). Mas eu não sou motoboy. Não sou pobre e nunca liguei pra isso. Mas agora, traiçoeiramente, descobri que eu ou meus filhos podem ser mortos. Portanto, maledeto Ministério da Saúde. Maledeta OMS. <br /><br />Finalmente, se você aguentou até aqui: tem a polêmica sobre os modelos como se interpretam saúde e doença. Os profissionais dos hospitais, quase como regra, crêem, professam e praticam o, assim chamado, modelo biomédico. Esse modelo reduz a complexidade do cotidiano de saúde/doença a determinantes claros e simples, com fluxos de causa e efeito tomados emprestados das ciências naturais (leia-se Fisica e Matemática) e da Biologia de laboratórios. As doenças tem unicausalidade. A certeza científica é o chão. Este modelo está cada vez mais em descrédito. Não consegue responder às questões atuais sobre saúde/doença.<br /><br />Os profissionais que atuam na Saúde Pública, geralmente pautam-se pela Epidemiologia e tem como base de suas deduções, as ciências biológicas, num encontro com as outras ciências, principalmente as Sociais. Com isso, elaboram seus julgamentos e atuam baseados no modelo da Integralidade. Os agravos, - na realidade, os sofrimentos da população (ja que o termo "doenças" é evitado) - dependem de múltiplos determinantes. Saúde/doença são determinados socialmente. A incerteza é o solo em que devemos proceder as análises. É um modelo explicativo em ascensão, adotado pela pesquisa em saúde nos últimos 10 a 20 anos. <br /><br />Pois bem: num surto pandêmico como este, os adeptos do velho modelo determinista entram em euforia: "eu falei que as doenças são causadas por germes. Essa pandemia vem pra provar que o modelo da integralidade é uma bobagem. Tudo depende de virus e bactérias".<br />Como a Organização Mundial da Saúde, obviamente é uma das grandes divulgadores do modelo da integralidade, está sendo acusada de omitir informações. Porque, segundo os médicos de UTI - que estão cuidando dos infelizes pacientes que fizeram a doença grave - deve haver explicação certa, unicausal, matemática, lógica de tudo isso. E se a OMS não explica é porque não quer.<br /><br />Acho isso.Por enquanto.Angel Mar Romanhttp://www.blogger.com/profile/11925515229088596395noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3345161981046690801.post-70202308446591044162010-03-30T17:16:00.000-07:002010-04-04T19:00:40.351-07:00De jardim da infância ao vazio: uma viagem<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJCALuRrdlaQvcLR1NjiBD0E0mBy-XNScowoaTkVQcuoEpDRHyyEu4vsW62uKJI2AzVf6CO1C5uTfkdvngV3JHRqYNeFh4-sYhjRoY7OBYX-AdkfvzdmMJwvtEMNIEH3HTRjnwANvUVOQ/s1600/escola.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 300px; height: 299px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJCALuRrdlaQvcLR1NjiBD0E0mBy-XNScowoaTkVQcuoEpDRHyyEu4vsW62uKJI2AzVf6CO1C5uTfkdvngV3JHRqYNeFh4-sYhjRoY7OBYX-AdkfvzdmMJwvtEMNIEH3HTRjnwANvUVOQ/s320/escola.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5454606843541865458" border="0" /></a>
<br /><meta equiv="Content-Type" content="text/html; charset=utf-8"><meta name="ProgId" content="Word.Document"><meta name="Generator" content="Microsoft Word 12"><meta name="Originator" content="Microsoft Word 12"><link rel="File-List" href="file:///C:%5CDOCUME%7E1%5CUser%5CCONFIG%7E1%5CTemp%5Cmsohtmlclip1%5C01%5Cclip_filelist.xml"><link rel="themeData" href="file:///C:%5CDOCUME%7E1%5CUser%5CCONFIG%7E1%5CTemp%5Cmsohtmlclip1%5C01%5Cclip_themedata.thmx"><link rel="colorSchemeMapping" href="file:///C:%5CDOCUME%7E1%5CUser%5CCONFIG%7E1%5CTemp%5Cmsohtmlclip1%5C01%5Cclip_colorschememapping.xml"><!--[if gte mso 9]><xml> <w:worddocument> <w:view>Normal</w:View> <w:zoom>0</w:Zoom> <w:trackmoves/> <w:trackformatting/> <w:hyphenationzone>21</w:HyphenationZone> <w:punctuationkerning/> <w:validateagainstschemas/> <w:saveifxmlinvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:ignoremixedcontent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:alwaysshowplaceholdertext>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:donotpromoteqf/> <w:lidthemeother>PT-BR</w:LidThemeOther> <w:lidthemeasian>X-NONE</w:LidThemeAsian> <w:lidthemecomplexscript>X-NONE</w:LidThemeComplexScript> <w:compatibility> <w:breakwrappedtables/> <w:snaptogridincell/> <w:wraptextwithpunct/> <w:useasianbreakrules/> <w:dontgrowautofit/> <w:splitpgbreakandparamark/> <w:dontvertaligncellwithsp/> <w:dontbreakconstrainedforcedtables/> <w:dontvertalignintxbx/> <w:word11kerningpairs/> <w:cachedcolbalance/> </w:Compatibility> <w:browserlevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel> <m:mathpr> <m:mathfont val="Cambria Math"> <m:brkbin val="before"> <m:brkbinsub val="--"> <m:smallfrac val="off"> <m:dispdef/> <m:lmargin val="0"> <m:rmargin val="0"> <m:defjc val="centerGroup"> <m:wrapindent val="1440"> <m:intlim val="subSup"> <m:narylim val="undOvr"> </m:mathPr></w:WordDocument> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <w:latentstyles deflockedstate="false" defunhidewhenused="true" defsemihidden="true" defqformat="false" defpriority="99" latentstylecount="267"> <w:lsdexception locked="false" priority="0" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Normal"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="heading 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 7"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 8"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 9"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 7"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 8"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 9"> <w:lsdexception locked="false" priority="35" qformat="true" name="caption"> <w:lsdexception locked="false" priority="10" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Title"> <w:lsdexception locked="false" priority="1" name="Default Paragraph Font"> <w:lsdexception locked="false" priority="11" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Subtitle"> <w:lsdexception locked="false" priority="22" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Strong"> <w:lsdexception locked="false" priority="20" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Emphasis"> <w:lsdexception locked="false" priority="59" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Table Grid"> <w:lsdexception locked="false" unhidewhenused="false" name="Placeholder Text"> <w:lsdexception locked="false" priority="1" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="No Spacing"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" unhidewhenused="false" name="Revision"> <w:lsdexception locked="false" priority="34" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="List Paragraph"> <w:lsdexception locked="false" priority="29" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Quote"> <w:lsdexception locked="false" priority="30" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Intense Quote"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="19" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Subtle Emphasis"> <w:lsdexception locked="false" priority="21" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Intense Emphasis"> <w:lsdexception locked="false" priority="31" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Subtle Reference"> <w:lsdexception locked="false" priority="32" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Intense Reference"> <w:lsdexception locked="false" priority="33" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Book Title"> <w:lsdexception locked="false" priority="37" name="Bibliography"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" qformat="true" name="TOC Heading"> </w:LatentStyles> </xml><![endif]--><style> <!-- /* Font Definitions */ @font-face {font-family:"Cambria Math"; panose-1:2 4 5 3 5 4 6 3 2 4; mso-font-charset:1; mso-generic-font-family:roman; mso-font-format:other; mso-font-pitch:variable; mso-font-signature:0 0 0 0 0 0;} /* Style Definitions */ p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal {mso-style-unhide:no; mso-style-qformat:yes; mso-style-parent:""; margin:0cm; margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:16.0pt; font-family:"Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family:"Times New Roman"; mso-font-kerning:16.0pt; font-weight:bold;} .MsoChpDefault {mso-style-type:export-only; mso-default-props:yes; font-size:10.0pt; mso-ansi-font-size:10.0pt; mso-bidi-font-size:10.0pt;} @page Section1 {size:595.3pt 841.9pt; margin:70.85pt 3.0cm 70.85pt 3.0cm; mso-header-margin:35.4pt; mso-footer-margin:35.4pt; mso-paper-source:0;} div.Section1 {page:Section1;} --> </style><!--[if gte mso 10]> <style> /* Style Definitions */ table.MsoNormalTable {mso-style-name:"Tabela normal"; mso-tstyle-rowband-size:0; mso-tstyle-colband-size:0; mso-style-noshow:yes; mso-style-priority:99; mso-style-qformat:yes; mso-style-parent:""; mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; mso-para-margin:0cm; mso-para-margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:11.0pt; font-family:"Calibri","sans-serif"; mso-ascii-font-family:Calibri; mso-ascii-theme-font:minor-latin; mso-fareast-font-family:"Times New Roman"; mso-fareast-theme-font:minor-fareast; mso-hansi-font-family:Calibri; mso-hansi-theme-font:minor-latin; mso-bidi-font-family:"Times New Roman"; mso-bidi-theme-font:minor-bidi;} </style> <![endif]--> <p class="MsoNormal">
<br /></p><p class="MsoNormal">
<br /></p><p class="MsoNormal">
<br /></p><p style="font-weight: bold; color: rgb(0, 51, 0); font-family: trebuchet ms;" class="MsoNormal"><span style="font-size:78%;">Ontem os pais do Lucas (ou era Mateus? ou era outro apóstolo, como está voga?) me contaram como ele está reagindo mal com a entrada na primeira série da escola, aos quase sete anos de idade. Dormindo mal e meio agressivo. Parece tenso. E antes vinha bem.</span></p><p style="font-weight: bold; color: rgb(0, 51, 0); font-family: trebuchet ms;" class="MsoNormal"><span style="font-size:78%;">
<br /></span></p> <p style="font-weight: bold; color: rgb(0, 51, 0); font-family: trebuchet ms;" class="MsoNormal"><span style="font-size:78%;">Aquela mesma escola que era tão suave, amigável e doce no jardim da infância, agora, foi só iniciar o primário, mostrou os dentes e ficou séria: “acabou a brincadeira criançadinha, agora vamos ao trabalho!”</span></p><p style="font-weight: bold; color: rgb(0, 51, 0); font-family: trebuchet ms;" class="MsoNormal"><span style="font-size:78%;">
<br /></span></p> <p style="font-weight: bold; color: rgb(0, 51, 0); font-family: trebuchet ms;" class="MsoNormal"><span style="font-size:78%;">Isso me fez pensar. Talvez eu tenha ficado mais impressionado que devia. Mas fiquei. E, vieram algumas reflexões.</span></p> <p style="font-weight: bold; color: rgb(0, 51, 0); font-family: trebuchet ms;" class="MsoNormal"><span style="font-size:78%;"><o:p> </o:p></span></p> <p style="font-weight: bold; color: rgb(0, 51, 0); font-family: trebuchet ms;" class="MsoNormal"><span style="font-size:78%;">
<br /></span></p><p style="font-weight: bold; color: rgb(0, 51, 0); font-family: trebuchet ms;" class="MsoNormal"><span style="font-size:78%;">A primeira, meramente constatativa, refere-se à forma como as escolas não respeitam nem mesmo os pequenos que frequentam o jardim da infância. Como o MEC não dita e lista os conteúdos, cada um faz a bobaginha que quer. É tudo brincadeirinha porque depois é que vem a coisa pra valer: o estudo de verdade. Ou seja, na hora em que a massa ainda está mole, na hora em que os pequenos talvez estejam mais sucetíveis a serem iniciados no sistema de significados da nossa cultura, vem uma mocinha e fica matando o tempo dos pentelhinhos. Talvez estejam, de fato, sendo iniciados num sistema de significados sem significado, ou, com o sentido de apenas atuar no mundo das trocas de objetos. Do meramente comprar e descartar,enfim.
<br /></span></p><p style="font-weight: bold; color: rgb(0, 51, 0); font-family: trebuchet ms;" class="MsoNormal"><span style="font-size:78%;">
<br /></span></p> <p style="font-weight: bold; color: rgb(0, 51, 0); font-family: trebuchet ms;" class="MsoNormal"><span style="font-size:78%;">E, claro, tem as outras escolas, mais "sérias", que já alfabetizam e adestram os inocentes para irem já sendo ameaçados desde o jardim mesmo. O mundo é uma guerra, vislumbram. Então vamos ter um treinamento de guerra. Guerra, aqui, no sentido de estar alerta e prontos pro bote ou a defesa. Mas, o importante, é estar tenso porque – e isso é o que me veio – o mundo é hostil. E tasca-lhe nota pra cá e provas pra lá. Carga no conteúdo. </span></p><p style="font-weight: bold; color: rgb(0, 51, 0); font-family: trebuchet ms;" class="MsoNormal"><span style="font-size:78%;">
<br /></span></p> <p style="font-weight: bold; color: rgb(0, 51, 0); font-family: trebuchet ms;" class="MsoNormal"><span style="font-size:78%;">Enfim, a primeira constatação é que de fato, o jardim da infância – que se pode resumir como o contato grupal das crianças em sua fase mais frágil, mais vulnerável à definição de seus rumos, mais formadora dos significados das coisas do mundo – não é encarado com a mínima seriedade. É encarado, sim, como um intervalo para ser preenchido por algum entretenimento, enquanto a coisa séria, a coisa pra valer não chega. Daí as musiquinhas desconectadas da cultura, os uniformes (militar?) com tecidos escrotos, as apresentações televisivas-like e obrigatórias para as avós verem.</span></p><p style="font-weight: bold; color: rgb(0, 51, 0); font-family: trebuchet ms;" class="MsoNormal"><span style="font-size:78%;">
<br /></span></p> <p style="font-weight: bold; color: rgb(0, 51, 0); font-family: trebuchet ms;" class="MsoNormal"><span style="font-size:78%;">E, repito, sem considerar que algumas muitas outras chamadas “escolas” (essas lojinhas que têm nome de bichinho e sobrenome "feliz" e placa com desenhinhos de nuvens, anjos etc e aceitam treinar e dar ração mal equilibrada para esses mais-uns, que só sabem aborrecer a vida dos pretensos pais) já iniciam o adestramento militar (agora entendi o uniforme!) de, ameaçadora e competitivamente, encher a panela de conteúdos e conteúdos e conteúdos teóricos.
<br /></span></p><p style="font-weight: bold; color: rgb(0, 51, 0); font-family: trebuchet ms;" class="MsoNormal"><span style="font-size:78%;">
<br /></span></p><p style="font-weight: bold; color: rgb(0, 51, 0); font-family: trebuchet ms;" class="MsoNormal"><span style="font-size:78%;">Aliás, conteúdos que conceituam ao invés de propiciarem a vivência. Sempre separadamente do mundo: eu, </span><span style="font-style: italic;font-size:78%;" >sujeito</span><span style="font-size:78%;">, olhando, classificando e rotulando o mundo, </span><span style="font-style: italic;font-size:78%;" >objeto</span><span style="font-size:78%;">. Esse chip entra no cérebro, nas veias, nos músculos e na alma. Nunca mais vai sair. A mãe Natureza é objeto a ser estudado para ser dominado. Como, de resto, os outros mais-uns também deverão ser vistos como objeto.
<br /></span></p><p style="font-weight: bold; color: rgb(0, 51, 0); font-family: trebuchet ms;" class="MsoNormal"><span style="font-size:78%;">
<br /></span></p> <p style="font-weight: bold; color: rgb(0, 51, 0); font-family: trebuchet ms;" class="MsoNormal"><span style="font-size:78%;">Enquanto estamos cá preocupados com a separação sujeito-objeto, os caras estão lá, preparando um exército pra negar tudo: nossos filhos. Nós ficamos discutindo o gosto do pão e eles lá na cozinha preparando a massa, indiferentes a tudo. </span></p> <p style="font-weight: bold; color: rgb(0, 51, 0); font-family: trebuchet ms;" class="MsoNormal"><span style="font-size:78%;">“Cuidam” de nossos filhos justamente no momento de definir os rumos. Enquanto o gravador está ligado. Depois, encerra a gravação e está tudo quase pronto.</span></p><p style="font-weight: bold; color: rgb(0, 51, 0); font-family: trebuchet ms;" class="MsoNormal"><span style="font-size:78%;">
<br /></span></p> <p style="font-weight: bold; color: rgb(0, 51, 0); font-family: trebuchet ms;" class="MsoNormal"><span style="font-size:78%;">O resto é conseqüência.</span></p><p style="font-weight: bold; color: rgb(0, 51, 0); font-family: trebuchet ms;" class="MsoNormal"><span style="font-size:78%;">
<br /></span></p> <p style="font-weight: bold; color: rgb(0, 51, 0); font-family: trebuchet ms;" class="MsoNormal"><span style="font-size:78%;"><o:p> </o:p></span></p> <p style="font-weight: bold; color: rgb(0, 51, 0); font-family: trebuchet ms;" class="MsoNormal"><span style="font-size:78%;">Bem, aí vem a segunda especulação.</span></p> <p style="font-weight: bold; color: rgb(0, 51, 0); font-family: trebuchet ms;" class="MsoNormal"><span style="font-size:78%;">Refere-se à primeira, de um modo não tão direto, mas me vem acossar os pensamentos pela forma como a gente costumeiramente denomina as ações na medicina (antiinflamamtório, antibiótico, combater a febre) que volta ao modelo beligerante. Percebo que às vezes esse jeito, antes descrito, de conduzir as pequenas gentes na escola, lembra também a formação (formação?) militar. Mas não é isso. Isso de jeitão grosseiro, exato, frio e militar podemos deduzir depois. E nem quero me prender ao termos “militar” porque assim o é, por um lado, mas não o é por outros (não há, por exemplo, hierarquia nítida nem disciplina). Apenas penso na questão da vigilância constante, espartana, na espera de hostilidade. Nessa visão, </span><span style="font-style: italic;font-size:78%;" >o mundo é brabo.</span><span style="font-size:78%;">
<br /></span></p><p style="font-weight: bold; color: rgb(0, 51, 0); font-family: trebuchet ms;" class="MsoNormal"><span style="font-size:78%;">
<br /></span></p> <p style="font-weight: bold; color: rgb(0, 51, 0); font-family: trebuchet ms;" class="MsoNormal"><span style="font-size:78%;">O que importa é que lembrei de um educador que li há muitos anos atrás e que, em resumo, falava da formação do conjunto do aparelho psico-mental dos meninos de rua: acabam sendo eficazes e rápidos para as demandas imediatas exclusivamente; não conseguem dar conta de absolutamente nada que aprofunde e exija o mínimo de ponderação. A explicação desse e de muitos outros estudiosos é que a constante e, desde cedo, situação de risco exige uma vigilância para a sobrevida. Essa exigência suga todas as outras formações mentais mais profundas. O primeiro, mais grosseiro e necessário nível de respostas mais ou menos elaboradas do nosso comportamento, portanto, relaciona-se com a segurança. Para atacar ou defender, estamos prontos com mais facilidade (e quando estimulados) do que para qualquer outra necessidade. Nessa perspectiva, </span><span style="font-style: italic;font-size:78%;" >o mundo é hostil</span><span style="font-size:78%;">. Diferente para um segundo nível de elaboração, em que se necessita um tempo de ponderação para o raciocínio especulativo. Ou, ao menos, o <i style="">raciocínio lógico </i>(a lógica que tenta explicar as regras do mundo aparente). E, para essa possibilidade, tenho que informar a criança em desenvolvimento que ela está liberada da vigilância a um mundo hostil. Portanto, é mais um “fique tranqüila” do que um “me diga aí qual a resposta”. Amorosa, segurosa e calorosamente protegida e não espinhosa, rugosa e rancorosamente sempre alerta para vencer.
<br /></span></p> <p style="font-weight: bold; color: rgb(0, 51, 0); font-family: trebuchet ms;" class="MsoNormal"><span style="font-size:78%;">Mas, a qualidade mais profunda, a <i style="font-weight: normal;">sensibilidade</i> (não lógica) para perceber a conformação estética do mundo e, portanto, para perceber o não aparente, depende de uma convivência das crianças exatamente de forma contrária a essa dos meninos de rua: </span><span style="font-style: italic;font-size:78%;" >o mundo é bom</span><span style="font-size:78%;">. Quanto mais confortável e quentinho mais é possível o mergulho para preparação dessas mais profundas qualidades, para sacar outras coisas do mundo que não apenas o perceptível.</span></p><p style="font-weight: bold; color: rgb(0, 51, 0); font-family: trebuchet ms;" class="MsoNormal"><span style="font-size:78%;">
<br /></span></p> <p style="font-weight: bold; color: rgb(0, 51, 0); font-family: trebuchet ms;" class="MsoNormal"><span style="font-size:78%;"><o:p> </o:p></span></p> <p style="font-weight: bold; color: rgb(0, 51, 0); font-family: trebuchet ms;" class="MsoNormal"><span style="font-size:78%;">O que pergunto, depois dessa tempestade é:
<br /></span></p><ul style="color: rgb(0, 51, 0); font-weight: bold; font-family: trebuchet ms;"><li><span style="font-size:78%;">esse modelo de separação sujeito-objeto, com a ambientação tão fria para as crianças, não replica o modelo virtualmente parecido com os meninos de rua (e, talvez, de alguém voltado para <i style="">defender-se</i> de um mundo hostil)?
<br /></span></li></ul><ul style="color: rgb(0, 51, 0); font-weight: bold; font-family: trebuchet ms;"><li><span style="font-size:78%;">Essa vigilância e competição de provas, avaliações, classificações (que inicialmente chamei de militar mas </span><span style="font-size:78%;">depois </span><span style="font-size:78%;">desisti) entre os melhores e piores não despertaria a hipertrofia desse cascão de qualidades psico-mentais dirigido apenas para a segurança (fuga/ataque)?</span></li></ul> <p style="font-weight: bold; color: rgb(0, 51, 0); font-family: trebuchet ms;" class="MsoNormal"><span style="font-size:78%;">Quem agride ou protege-se, não pensa. E, o que é pior, não </span><span style="font-style: italic;font-size:78%;" >sente</span><span style="font-size:78%;">.</span></p> <p style="font-weight: bold; color: rgb(0, 51, 0); font-family: trebuchet ms;" class="MsoNormal"><span style="font-size:78%;">
<br /></span></p><p style="font-weight: bold; color: rgb(0, 51, 0); font-family: trebuchet ms;" class="MsoNormal"><span style="font-size:78%;">Também me acossa outra dúvida: como vamos tratar o outro, o planeta, os animais e o escambau, se achamos que o mundo é uma guerra?</span></p><p style="font-weight: bold; color: rgb(0, 51, 0); font-family: trebuchet ms;" class="MsoNormal"><span style="font-size:78%;">
<br /></span></p> <p style="font-weight: bold; color: rgb(0, 51, 0); font-family: trebuchet ms;" class="MsoNormal"><span style="font-size:78%;"><o:p> </o:p></span></p> <p style="font-weight: bold; color: rgb(0, 51, 0); font-family: trebuchet ms;" class="MsoNormal"><span style="font-size:78%;">Depois reclamam dos psicopatas...</span></p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> Angel Mar Romanhttp://www.blogger.com/profile/11925515229088596395noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3345161981046690801.post-66648847475274520902010-03-30T07:56:00.000-07:002016-09-11T19:46:43.663-07:00A dúvida científica e o mundo real<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh41qSdS9qzf_X-lQjOnaauY82PbQq_db-AL3lL0SDW-4lZJSRNtliKaGKcKlyIIVRxf3htTBG5qDDvhhubxJEDYmVAMlQDrpSpYvQ8BDKyfz9V47F3KXjOIXcH_aL2I-g6ZKtQd00Rxhk/s1600/solidao.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5454608615156268002" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh41qSdS9qzf_X-lQjOnaauY82PbQq_db-AL3lL0SDW-4lZJSRNtliKaGKcKlyIIVRxf3htTBG5qDDvhhubxJEDYmVAMlQDrpSpYvQ8BDKyfz9V47F3KXjOIXcH_aL2I-g6ZKtQd00Rxhk/s320/solidao.jpg" style="cursor: pointer; display: block; height: 238px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 274px;" /></a><br />
<h2 style="-moz-background-clip: border; -moz-background-inline-policy: continuous; -moz-background-origin: padding; background: white none repeat scroll 0% 0%;">
<span lang="PT"><span style="font-family: "georgia"; font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="color: #006600;">Estava no carro ouvindo o sambão muito antigo “Noticia de Jornal” de </span></span></span></span><span style="font-family: "georgia"; font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="color: #006600;">Luiz Reis - Haroldo Barbosa, cantado pelo</span></span></span><span style="font-family: "georgia"; font-weight: normal;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="color: #006600;"> </span></span></span><span lang="PT" style="font-family: "georgia"; font-weight: normal; letter-spacing: 0pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="color: #006600;">Chico Buarque. Como pensei que a composição era do nosso compositor maior, fiquei atento à letra. Como se sabe, os poetas nos trazem pérolas do fundo do mar e, como se fosse mágica, nem eles mesmos se dão conta.</span></span></span></h2>
<div style="background-attachment: scroll; background-color: white; background-image: none; background-position: 0% 0%; background-repeat: repeat repeat; font-family: "georgia";">
<span lang="PT" style="line-height: 150%;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="color: #006600;">Dá uma olhada se não é uma revelação</span></span></span></div>
<div style="background-attachment: scroll; background-color: white; background-image: none; background-position: 0% 0%; background-repeat: repeat repeat; font-family: "georgia";">
<span lang="PT" style="line-height: 150%;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="color: #006600;"><br /></span></span></span></div>
<div style="background-attachment: scroll; background-color: white; background-image: none; background-position: 0% 0%; background-repeat: repeat repeat; font-family: "georgia"; margin-left: 45pt;">
<span lang="PT" style="line-height: 150%;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="color: #006600;"><i>Tentou contra a existência<br />Num humilde barracão.<br />Joana de tal, por causa de um tal João.<br />Depois de medicada,<br />Retirou-se pro seu lar.<br /></i></span></span></span></div>
<div style="background-attachment: scroll; background-color: white; background-image: none; background-position: 0% 0%; background-repeat: repeat repeat; font-family: "georgia"; margin-left: 45pt;">
<span lang="PT" style="line-height: 150%;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="color: #006600;"><i>Aí a notícia carece de exatidão:</i></span></span></span></div>
<div style="background-attachment: scroll; background-color: white; background-image: none; background-position: 0% 0%; background-repeat: repeat repeat; font-family: "georgia"; margin-left: 45pt;">
<span lang="PT" style="line-height: 150%;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="color: #006600;"><i>O lar não mais existe<br />Ninguém volta ao que acabou<br />Joana é mais uma mulata triste que errou.<br /><br />Errou na dose<br />Errou no amor<br />Joana errou de João<br />Ninguém notou<br />Ninguém morou na dor que era o seu mal<br />A dor da gente não sai no jornal. </i></span></span></span></div>
<div style="background-attachment: scroll; background-color: white; background-image: none; background-position: 0% 0%; background-repeat: repeat repeat; font-family: "georgia"; margin-left: 45pt;">
<span lang="PT" style="line-height: 150%;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="color: #006600;"><i><br /></i></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: georgia;">
<span lang="PT"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="color: #006600;"> </span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: georgia;">
<span lang="PT"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="color: #006600;"> </span></span><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="color: #006600;">Seria impossível resistir a dissecar cada deixa. </span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: georgia;">
<span lang="PT"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="color: #006600;"><br /></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: georgia;">
<span lang="PT"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="color: #006600;">O poeta lê no jornal a notícia, descrita </span></span></span><i><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="color: #006600;">objetivamente</span></span></i><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="color: #006600;"> como</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="color: #006600;"> quer a nossa época tecnocientífica. Como se fosse possível não ser pessoal, <i>subjetivo</i>. Como se a mesma notícia não aparecesse em cada lugar de cada jeito. Pois, as coisas acontecem e cada um interpreta segundo seu olho particular. A tal objetividade absoluta só é possível nas ciências naturais e não se reproduz na vida real.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: "georgia"; margin-top: 12pt;">
<span lang="PT"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="color: #006600;">Segundo os versos da canção, Joana é noticiada com o sobrenome genérico e asséptico </span></span><i><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="color: #006600;">de Tal.</span></span></i><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="color: #006600;"> O homem errado por quem se apaixona é o </span></span><i><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="color: #006600;">João </span></span></i><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="color: #006600;">genérico </span></span><i><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="color: #006600;">de Tal, </span></span></i><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="color: #006600;">como gosta de descrever o jornalismo policial. Esquecendo a crueldade e os preconceitos que movem os dedos que escrevem as notícias, vemos algo instigante: a tentativa caricatural e deslocada da assepsia objetivada da ciência. Cidadã das ciências naturais, pula os muros das universidades e entra feito chip nas cabeças de todos.</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="color: #006600;"> </span></span><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="color: #006600;"><br /></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: "georgia"; margin-top: 12pt;">
<span lang="PT"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="color: #006600;">E não poderia ser diferente: desde criança já somos adestrados para interpretarmos e aprendermos o mundo pelo método científico.</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="color: #006600;"> </span></span><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="color: #006600;">Aliás, as crianças nem </span></span><span style="text-decoration: underline;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="color: #006600;">experimentam </span></span></span><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="color: #006600;">o mundo: explicam-no e basta. Percebem, do mundo, as quantificações e medidas que os homens de aço da ciência, ao longo dos anos, foram contando, pesando e medindo. Trancadas em salas de aulas ou nos seus apartamentos elas, as crianças, sabem noticias e explicações sobre o mundo. Domesticam-se pela explicação e não pela degustação.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: "georgia"; margin-top: 12pt;">
<span lang="PT"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="color: #006600;">E, assim, o que era uma proposta para Descartes, no seu </span></span><i><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="color: #006600;">Discurso do Método</span></span></i><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="color: #006600;">, já é automático para todos nós: perante um fato do mundo, sempre vamos metodologicamente decompor e duvidar.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: "georgia"; margin-top: 12pt;">
<span lang="PT"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="color: #006600;">E a Joana da canção tenta suicídio por causa do João. Foi medicada, segundo, ainda, a notícia do jornal, e </span></span></span><i><span lang="PT"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="color: #006600;">Retirou-se pro seu lar</span></span></span></i><span lang="PT"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="color: #006600;">. Mas, comenta agora o poeta, a notícia carece de exatidão. Ou seja, mesmo com a tentativa da notícia em mimetizar objetividades "científica" na descrição da história da Joana, o poeta detecta uma inexatidão, um erro. Mas, ao corrigi-lo, o poeta faz muito mais que ser exato: traz a sua subjetividade. Corajosamente interpreta, segundo seu juízo, a situação. Ironiza as bases exatas da notícia constatando com fatos palpáveis: </span></span></span><i><span lang="PT"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="color: #006600;">O lar não mais existe/Ninguém volta ao que acabou.</span></span></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: "georgia"; margin-top: 12pt;">
<span lang="PT"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="color: #006600;">O fracasso da Joana, que errou em tudo, não foi notado nem pelo repórter nem pelo pronto-socorro que, teoricamente, acudiria o sofrimento e a dor. Mas a dor da perda, quem cuida? Porque Joana agora pertence a uma categoria conhecida como </span></span><i><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="color: #006600;">porbaixodocudacobra</span></span></i><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="color: #006600;">: a dos suicidas fracassados. Porque, depois de tudo, ainda errou na dose do veneno e ficou sem o João e com a dor.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: "georgia"; margin-top: 12pt;">
<span lang="PT"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="color: #006600;">Mas e porque a dor não sai no jornal?</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: "georgia"; margin-top: 12pt;">
<span lang="PT"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="color: #006600;">Será que “sai” nos prontuários médicos dos pronto socorros? Ou ali só se descrevem códigos de doenças sem espaço para descrição do sofrimento?</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: "georgia"; margin-top: 12pt;">
<span lang="PT"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="color: #006600;">Aí teríamos que olhar a dor, que não se mede com régua ou balança acurada. Só os poetas imprecisos podem adentrar-se nessa mata de incertezas que tanto amedronta os filhos da modernidade.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-top: 12pt;">
<span lang="PT"><span style="font-family: "georgia";"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="color: #006600;">Covarde, me refugio nas discussões utópicas e seguras da ciência. Esta que me arroga o direito de explicar a vida, entendendo sem compreendê-l</span></span></span><span style="font-family: "georgia";"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="color: #006600;">a.</span></span></span></span><b><span lang="PT"><br /></span></b></div>
Angel Mar Romanhttp://www.blogger.com/profile/11925515229088596395noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-3345161981046690801.post-59073049832877122192009-04-17T13:14:00.000-07:002010-04-17T13:15:56.926-07:00<div align="center"><br /><a href="http://contador.s12.com.br/" target="_blank"><img src="http://contador.s12.com.br/img-Zw3BcBZ1-19.gif" alt="Contador de visitas" border="0" /></a><br /></div>Angel Mar Romanhttp://www.blogger.com/profile/11925515229088596395noreply@blogger.com0